De combustível a outro avião com problemas, viagem da Chape teve complicações e erros do início ao fim
02/12/2016 08:47 em Tragédia

A viagem da Chapecoense para Medellín que terminou em um desastre áereo teve complicações e erros do começo ao fim. Desde uma viagem no limite do combustível até outro avião com problemas, tudo se desenhou para que um acidente pudesse acontecer. 

O desastre terminou com 71 mortos e seis sobreviventes. De acordo com o diretor da Aeronáutica Civil da Colômbia, Alfredo Bocanegra, o resultado das investigações podem demorar de seis meses a um ano para sair.

  • Acordo impede voo fretado

O plano inicial da Chapecoense era viajar direto de São Paulo para Medellín (COL). A Lamia, da Bolívia, faria o trajeto. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) vetou, citando acordos internacionais que impediam a realização da viagem no molde proposto. A delegação, então, foi em voo de carreira até Santa Cruz de la Sierra e fretou a aeronave da LaMia de lá para Medellín.

  • Plano de voo foi questionado ainda na Bolívia

O plano de voo apresentado pela LaMia para a viagem que levaria a delegação da Chapecoense, convidados e jornalistas até Medellín foi questionado antes de decolar na Bolívia. A autonomia de combustível foi um dos pontos observados. O voo, porém, foi liberado depois do piloto dizer que a viagem duraria menos tempo e que teria combustível suficiente. A funcionária que fez o questionamento foi afastada de suas funções na última quinta-feira, mas não está claro se ela tinha autonomia para impedir a decolagem.

  • Atraso fez avião não reabastecer em ponto comum

O avião que fez o trajeto São Paulo-Santa Cruz de la Sierra não saiu no horário previsto. Com o atraso, a viagem até Medellín não teria a parada de abastecimento em Cobija (BOL) - o aeroporto local não trabalha à noite e foi a opção de parada em outras viagens. Veio a escolha, então, por um voo direto. Segundo o diretor-executivo da LaMia, Gustavo Vargas, o piloto, porém, tinha a opção de reabastecer em Bogotá, mas não o fez porque considerou ter combustível suficiente. "Ele era experiente."

O filho do copiloto Ovar Goytia afirmou que o avião saiu da Bolívia com o tanque de combustível cheio. "Tomaram a decisão de encher o tanque por completo e seria possível fazer o pouso. Mas o tráfego de espera acabou consumindo todo o combustível que restava", disse Bruno Fernando Goytia Gómez ao jornal boliviano El Deber.

  • Coincidiu de outro avião ter problemas

Na aproximação do aeroporto de destino, o LaMia CP-2933 pediu prioridade para pousar, mas foi orientado pela torre de controle a aguardar, pois havia outra aeronave (da VivaColombia) também necessitando de prioridade. Esse avião tinha partido de Bogotá em direção a San Andrés, mas teve problema e solicitou aterrissagem em Medellín. 

A orientação dada a Miguel Quiroga, piloto do voo da Chapecoense, é que sua aproximação para o pouso se daria em sete minutos, mas o "problema de combustível" reportado por ele inicialmente se agravou. Quando Quiroga se declarou em "emergência", informando que estava em "falha total elétrica e sem combustível", não houve tempo hábil para a chegada no aeroporto. A conversa com a controladora não foi sequer concluída.

De acordo com a Associação Colombiana de Aviadores Civis, faltou tempo para a aproximação ser bem-sucedida. "Se o piloto fizesse sua declaração três minutos antes, poderia ter salvado", disse o capitão Jaime Hernández Sierra, presidente da entidade, à rádio RCN.

A VivaColombia, por sua vez, também já se manifestou sobre sua aeronave, negando que estivesse em emergência ou que tivesse problema de combustível, como chegou a ser noticiado. Segundo a empresa, tratou-se de uma "medida preventiva, seguindo os protocolos de segurança"

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